Pérolas de sabedoria (1): 'The real Audrey'

Audrey Hepburn, um legado

“Os fados guiam àquele que assim o deseje; aquele que não o deseja, eles arrastam”. Joseph Campbell (citando a velha sabedoria romana em 'O poder do mito')
Audry Hepburn foi arrastada pelos fados. Disse ela que sua carreira era para si mesma um completo mistério. Nunca pensou em ser atriz, quanto mais que faria filmes e ganharia prêmios. Por tudo o que disse e contou de sua vida, nem em sonhos, nem em todas as imagens em que se imaginou no futuro, houve qualquer vislumbre de que sua vida poderia tomar o rumo que tomou.

Sabe-se que Audry tinha uma natureza reservada. Não era dada a falar de sua vida pessoal com a imprensa. O olhar sereno, a delicadeza dos modos e o sorriso espontâneo eram sua arma para o assédio. Não se lhe conhecem caprichos nem escândalos de qualquer natureza. Pelo contrário, em tudo o que se lê sobre ela, há sempre menção à sua delicadeza, simpatia e elegância.

Despretensiosa com seu status de grande atriz e celebridade, Audry só veio a usar sua fama bem mais tarde. Em seu trabalho na UNICEF, quando viu de perto, no corpo desnutrido e doente das crianças, os horrores da guerra, da fome e do descaso, percebeu que tudo o que acontecera em sua vida foi um preparo para o que viria depois. Até mesmo sua própria experiência durante a segunda guerra na Europa, refugiada na Suíça, época em que chegou a desmaiar de fome, como conseqüência da asma e desnutrição. Permanentemente frágil, viu seu sonho de se tornar uma grande bailarina, desvanecer-se. Foi este na realidade seu único e maior sonho de menina. A adoração pela dança acompanhou-a até morrer.

Com toda a sua percepção e sensibilidade, como mostrou sempre na vida e em suas atuações, Audry soube que aquela era a hora de usar e até abusar de sua fama. Era hora de abrir todas as portas que o seu status lhe permitia e falar pelos que não tinham voz; convencer o mundo que o que acontecia a quilômetros de distância de nossas casas dizia respeito a todos. Para os que estranharam sua disposição para tal trabalho ela respondeu que se sentia tremendamente forte, pois percebia que tudo na vida começa com “bondade”. Que mundo diferente poderia ser este nosso se todos vivessem por isso.

Recentemente, Audry, como tantas vezes em vida, foi novamente eleita a mulher mais bela do mundo. Não se sabe ao certo como funcionam essas apurações, quais os critérios de beleza. Audry Hepburn nunca se manifestou a respeito, pelo menos nada consta nesse sentido. No entanto, se ampliarmos o conceito de beleza, que seria mais correto e aceitável, Audry, pelo conjunto da obra, seria eternamente merecedora do título e com todas as honras. Mas em se tratando desta pessoa tão grandiosa em sua modéstia devemos recordá-la como ela desejaria, fazendo jus à sua vida, que é a sua mensagem. Assim vale destacar, que apesar de ter sido consagrada como uma das mulheres mais belas do cinema e do mundo, e como atriz excelente, Audry sempre considerou o seu trabalho, como embaixatriz especial da UNICEF, o seu maior papel.

Imagem do Blog "Cantinho da Pink"
Leia também "Os segredos de Audrey Hepburn"

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