Esperança - The dream come true!!!

Eu era uma espectadora do mundo agora faço parte dele.” Susan Boyle

Susan Boyle
Hoje eu assisti Susan Boyle na TV. Isso, aquela mesma que fez o mundo emocionar-se. Toda a vez que a escuto cantar, eu revivo cada emoção daquele dia em que o mundo testemunhou algo perto de um milagre. Susan virou, talvez para muita gente, um símbolo de esperança.

Ali estava uma mulher simples, com aparência de uma doce e rechonchuda avó, com aquele encanto poético que certas pessoas do interior conservam a vida inteira. Pessoas que vivem sem se contagiarem pelo mal, que resguardam a ingenuidade infantil que normalmente se perde com a idade, conservam a pureza no olhar e revelam no gestual rude, no palavreado franco um pudor despudoradamente verdadeiro.

Quando Susan surgiu no palco para fazer sua apresentação, nós a medimos e categorizamos com o senso contaminado pela superficialidade típica desta era consumista que não entende a existência das silvias boyle. O riso jocoso de um dos jurados, o indisfarçado embaraço de outro e a impaciência do terceiro refletiu a reação do público no mundo. Ela começou a falar e as pessoas pareceram meio aturdidas, sem saber como reagir ante a figura inesperada e patética de andar desengonçado e olhar meio apalermado.

A situação aparentemente hilária logo cedeu espaço ao protecionismo cínico que reservamos aos que consideramos inferiores. Mas Susan começou a cantar e sua voz provocou uma revolução dentro de nós. A beleza do seu canto, diria melhor, o encantamento da sua doçura explodiu em melodia, trespassou as barreiras da nossa artificialidade e nos tocou a alma.

Como num toque mágico a situação se reverteu. Em um momento estávamos orgulhosos de nossa pretensa generosidade por acolhermos em nosso mundo aquela figura burlesca, uma coitada de uma solteirona caipira, que levantara de sua velha poltrona com cheiro de urina de gato direto para o palco para cantar God Save The Queen(?), quem sabe imaginando ser ali um karaokê. Mas Susan mostrou que ignorantes e rudes éramos nós com nossa empáfia, nosso preconceito, nossa pobreza espiritual.

Sua voz melodiosa nos colocou nos eixos, desenterrou de nosso interior toda a emoção que, de tanto esconder, esquecemos que existe. Na nossa corrida diária de competidores calculistas, armados com as roupas da moda e uma prepotência estúpida, tornamo-nos insensíveis. Agarramo-nos a nossos bens com unhas e dentes, tal qual um líder de matilha defendendo seu posto, sem percebermos que o olhar esquivo e a inquietude constante nos condena à insatisfação eterna, à infelicidade mórbida.

Susan nos devolveu a humanidade. Sua voz permitiu que a olhássemos com os olhos da alma e assim ela cresceu diante de nós, ou melhor, ao nos apercebermos pequenos enxergamos sua grandeza. Susan simboliza não o sonho americano, mas o sonho humano de que a felicidade existe e ao contrário do que imaginamos ela está bem próxima.

Com toda a sua simplicidade, ela tinha um velho e grandioso sonho, mas nem por isso deixara de ser feliz no seu mundinho interiorano e prosaico, longe do mundo fashion, do mundo tecnológico, de todo o conhecimento e posses atrás dos quais corremos porque achamos que nos trará a felicidade ambicionada, ou talvez o segredo para atingi-la.

Mas Susan fez mais ainda, ela nos mostrou que sonhar vale a pena, que a esperança é realmente a última que deve morrer, mas para acontecer é preciso manter a chama acesa, porque um sonho morto nos deixa surdos e cegos às oportunidades que a vida oferece. Susan não é uma lenda, é um sonho vivo, ela nos ofereceu um norte, um caminho, um sentido, provando que a vida pode ser assim... ESPETACULAR.

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