Quebrando equívocos em torno da moda

"Estilo é uma forma de dizer quem você é sem
precisar explicar." (Rachel Zoe, estilista americana)

"A personalidade é o melhor acessório que você pode usar." (Roberto Cavalli, estilista italiano)

Além da invasão de programas de culinária, um outro formato de reality show foi ganhando espaço na TV, os programas de  consultoria de estilo. Estes programas nos alertam que assim como há bons profissionais fazendo o trabalho deles muitíssimo bem, há muita picaretagem. Não é porque alguém trabalha no universo da moda, que pode sair dando conselhos por aí. 

Os participantes, indicados por amigos, colegas ou familiares, apesar do embaraço de serem chamados de mal vestidos em rede global, e terem sua imagem e vida expostas, acabam faturando muito mais, e não estou falando de números. 

A diversidade de perfis dos convidados acaba promovendo a empatia do público, emprestando ao programa uma aura de agente motivador, já que os resultados positivos são visíveis, garantindo e destacando o sucesso destes programas.

Tem o amargo, o triste, de mal com eles mesmos e o mundo, e o oposto, aquela pessoa super entusiasmada com a moda. Umas se escondem atrás de roupas velhas, ou gigantescas, outras em fantasias de personagens do cinema, já as apaixonadas usam tudo o que é chamado de fashion. E tem também uma turminha preconceituosa, olhando com ar de superioridade para quem não abre mão do cabeleireiro ou de uma rodada no Shopping atrás de liquidações. Todos eles, no entanto, têm algo em comum: idéias equivocadas sobre o mundo fashion, o belo e até do próprio corpo.

À parte as piadinhas, tapinhas e confetes, com alguns exageros aqui e ali, o tempero imprescindível para dar o toque de comédia necessário, e segurar a audiência, o drama é garantido. Os participantes acabam revelando suas inseguranças e traumas. Passaram a vida achando-se o patinho feio e escondem a baixa autoestima nas roupas, ou com exageros, ou falta de graça. E é por isso que precisamos dar crédito aos profissionais, os chamados consultores de estilo, personal Stylist. Embora incialmente na defensiva, no decorrer do programa, os participantes, vão percebendo que trabalhavam com conceitos errados, tanto no que se refere à própria moda como uma visão deturpada da autoimagem.  Além de se tocarem que moda está longe de ser aquela macaquice de vestir tudo o que é considerado descolado e fashion, aprendem que, muito mais que um estilo de vida, a moda tem uma função social, é uma ferramenta de múltiplas utilidades, quando bem usada.

Para quem assiste há inúmeras lições a tirar, ainda que o tempo seja curto. É um trabalho de equipe e descobertas para todos. É primordial apagar pré-conceitos de beleza, acordar para a realidade do corpo, aceitá-lo e aprender a escolher peças que valorizem as curvas, ou a falta delas. É preciso olhar as informações sobre moda como uma orientação, e não uma imposição. E então escolher o que o atrai e criar em cima, encaixando na sua personalidade, sem tirar o foco de suas aspirações de vida. E este talvez seja o quesito mais importante, é ele que decidirá o sucesso da empreitada. Se a pessoa não tem, ou não conhece suas aspirações, ela sairá do programa apenas com a aparência mudada, o chamado banho de loja. Mas assim que botar o pé no seu mundo restrito, sem horizontes, grudado em paradigmas equivocados,  tal experiência fará parte do passado, uma divertida recordação, 5 minutos de fama para registrar e pendurar na parede. Já quem possui projetos de vida, como uma carreira de sucesso, seja qual for, saberá identificar o potencial da oportunidade caída do céu e tirará enorme proveito da breve oficina de estilo. 

A esta altura o participante já aprendeu o básico, que há uma grande distância, por exemplo, entre ver uma peça no cabide da loja e no seu corpo, sem frustrações nem desespero. Vivemos uma época de conquistas e resultados. Modelos de todas as etnias e tamanhos desfilam nas passarelas. Sim, o preconceito existe, mas é preciso que cada um faça a sua parte. Para tal vale a máxima, respeite para ser respeitado e siga de cabeça erguida.

Está na hora de passar à próxima etapa, incorporar o aprendizado, respeitar-se e atender aos próprios sentimentos. Não é sempre que estamos saltitantes, brilhantes, cheios de vida. Todos temos nossos momentos e o corpo acompanha esses altos e baixos. Nem os ditos belos e famosos escapam. Aquele vestido com que nos sentimos fabulosas um dia, pode ser uma decepção em outro momento, expressão de outros sentimentos. Vamos respeitar isso, sem perder a pose. Essa é a hora de recorrer às peças clássicas, os coringas sempre oportunos. 

E assim, no decorrer do programa, testemunhamos uma mudança nas pessoas. Inicialmente sutil, mas que vai se evidenciando conforme o participante vai sentindo confiança nos apresentadores ao comprovar na prática cada lição. Preconceitos, inseguranças e exageros, um a um, vão sumindo, surpreendendo o próprio participante que acaba se reencontrando e ou se descobrindo, com a autoestima a mil,  já esquecido dos embaraços iniciais no programa.

No final temos uma pessoa maravilhada num novo mundo recém descoberto. Mais do que isso, apaixonada por si mesma, segura de sua individualidade, confiante, intimamente feliz com a admiração alheia, sem pudores em exibir a vaidade nem suas curvas. Amando ser descolada, fashion, identificada na multidão, porque moda passa, muda, se transforma mas o estilo é permanente - seu!


E, por falar em autoestima, aproveito sempre a oportunidade de falar e indicar  pessoas, cujo trabalho gosto de acompanhar. Rosana Braga não trabalha no mundo da moda, mas faz um trabalho fantástico com resgate de pessoas que se perdem nesta nossa sociedade cheia de cobranças.
Desperte a Diva em Você - Palestrante, Jornalista, escritora e Consultora em relacionamentos, Rosana vem somando sucessos na prestação de consultoria a mulheres com a autoestima abalada.

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