A ideia de Deus

"... Sou anterior aos deuses transitórios: eles dentro de mim nascem; dentro em mim duram; dentro em mim se transformam; dentro em mim se dissolvem; e eternamente permaneço em torno deles e superior a eles, concebendo-os e desfazendo-os, no perpétuo esforço de realizar fora de mim o Deus absoluto que em mim sinto. Chamo-me a Consciência, sou neste instante a tua própria consciência". (Narrador-personagem - A relíquia, Eça de Queiroz)


O número de ouro representado pela letra grega Φ Phi, que corresponde a 
1,618. A proporção áurea é de 1cm para 1,618, sendo esta a relação de 
equilíbrio e simetria ideais.
Sou das pessoas que sempre questionaram a idéia de um deus que distribui bençãos para uns e maldições para outros. Cadê o tal do livre arbítrio? Vamos concordar que são lorotas difundidas e perpetuadas, inicialmente com o intuito de controlar uma população abrutalhada. Entretanto séculos depois, aqui estamos nós nos estapeando e debatendo velhos assuntos. Como tantas pessoas além da introspecção, pesquisei, observei,  analisei muito e cheguei a uma idéia de deus que me satisfaz e tranquiliza plenamente.

Tenho para mim que o que move o mundo é a consciência, que eu enxergo como uma capacidade universal latente dos seres, racionais e irracionais. É determinante para a nossa ação no mundo. Não há uma definição satisfatória do que é a consciência. A filosofia a define de forma muito simplista. Ela nos diz que a consciência é a percepção do sujeito daquilo que se passa dentro ou fora dele, ao estilo 'penso, logo existo', podendo ser imediata ou refletida. Imediata, é a nossa reação espontânea, como um reflexo rápido a um estímulo externo ou interno. Já a refletida seria uma consciência baseada em reflexão, análise, como que um julgamento de nós mesmos. Imagine-se fazendo uma análise profunda de seu próprio ser, baseada num arquivo pessoal que contém um modelo de referência, arquivo esse compartilhado por todos os seres, como uma essência Universal. E, claro, a consciência moral estaria neste pacote. 

Esse arquivo, que também poderia ser chamado de fonte, modelo, conhecimento, essência ou inteligência da verdade de ser e proceder, e que capacita os indivíduos a agirem de forma airosa ou proibida, digamos assim, apesar de estar presente em cada ser, nem todos possuem a capacidade de enxergá-la. Trata-se de uma evolução individual, podendo a qualquer momento, o indivíduo capacitar-se para acessar esse arquivo, adquirir esse conhecimento.

A todo o momento vemos a consciência em ação, já que é ela o motor do mundo, da evolução, e vemos também a ignorância, como que uma ausência dessa consciência, tanto à nossa volta, como na natureza selvagem. Hoje temos acesso a informações vindas de todas as partes do mundo permitindo que testemunhemos a presença da consciência também nos animais irracionais, tanto domésticos como em ambiente selvagem. Quase que diariamente tomamos conhecimento de atitudes que nos comovem, como o indivíduo que se joga no rio para salvar o seu semelhante, ou um animal. O animal que arrisca a própria vida, para ficar ao lado de outro ferido, da mesma espécie ou não, muitas vezes tentando, inclusive, salvar a vida daquele ser que sequer é da sua espécie. Trata-se de um sentimento solidário, uma identificação, empatia com o sentimento do outro, no caso o sofrimento, e a consciência da morte, da nossa mortalidade, da nossa fragilidade. 

Infelizmente testemunhar também atos animalescos, chocantes do ser humano é uma constante. A ação de pessoas aparentemente desprovidas de sentimentos humanitários, indiferentes ao sofrimento alheio, quando não causadores de tragédias, destruição, doenças e morte. Assassinos sanguinários, cruéis, o mais podre, insano e reles que pode existir. Indivíduos claramente vazios de sentimentos sadios, portadores da pior doença mental que pode existir num ser humano: a aparente ausência da consciência transformando indivíduos em seres endemoniados, diabólicos. E temos o seu extremo, seres com sentimentos altruístas à flor da pele. Pessoas que abandonam a segurança dos seus lares, atravessam continentes, sem pensar na própria segurança, para salvar  animais, ou outros seres humanos de tragédias eminentes, de guerras insanas e de toda a sorte de epidemias.

A Criação de Adão, afresco de Michelangelo (1508 a 1510,  Teto da Capela 
Sistina).
Existe hoje a certeza de que o Universo está em constante expansão, mas e quanto à consciência? Se nela pensarmos como uma inteligência, saberemos, por tabela, que nossa mente vive numa busca incessante por conhecimento, o que nos leva a uma simplificada regra de três. A inteligência está para o conhecimento, assim como este para a consciência, sem que a ordem dos fatores seja relevante. Podemos quase ver a exemplificação de tudo isto na própria evolução física e mental do ser humano, desde os primórdios da criação.  

Se prestarmos sensível atenção na natureza, na fauna e flora, na constituição e funcionamento do nosso próprio planeta, veremos fragmentos, cópias de partes de nossa anatomia e fisiologia, esculpidas e desenhados em asas de borboletas, em flores e em todo o processo natural, físico e químico, que sustenta a vida e também a destrói na terra. Esta associação da criação e do corpo humano com a natureza, e até mesmo o sentimento, é há muito observada, e remonta à Grécia antiga, quando o belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade e uma referência de distinção do sublime, da perfeição. A mais conhecida é a proporção áurea, ou regra de ouro, ou ainda divina proporção. Trata-se de medidas, formas e movimentos matemáticos encontrados na natureza, no cosmos, em fenômenos físicos, como a propagação da luz e em toda a estrutura do corpo humano,  algo como um selo de qualidade, ou uma marca, garantindo a legitimidade do modelo divino de criação, tal qual uma matriz ou fôrma modeladora reproduzida infinitamente pela própria natureza e copiada pelo homem, observadas principalmente em obras de arte e arquitetura. 

Meditação para energização dos chacras através das cores.
Tal como o Universo, seguimos como um grande mistério não só biológico, como cósmico. Muitos defendem a teoria de que no dia em que decifrarmos todos os segredos do nosso corpo, que se supõe escondidos em nossa mente, teremos descoberto o mistério do Universo e vice-versa. Estudos referenciam também que esse conhecimento infinito depositado num arquivo Universal, dentro de cada ser, está ao alcance de todos. O caminho seria a meditação. Pessoas em todas as partes do mundo dizem-se conhecedoras de muitos destes segredos, exatamente porque se dedicam diariamente a buscar esse conhecimento em profundas viagens ao interior de si mesmas. 

Assim, tal como enaltecido nos estudos da física quântica, universos dentro do universo, a partir do equilíbrio - a holografia, em que a menor partícula possível seria uma cópia do Universo, podendo a terra ser vista como um holograma, universo dentro do Universo, ou particula, e por sua vez, cada ser um novo holograma/universo/partícula dessa grande e majestosa biblioteca Universal. Todos nós projetados como parte integrante e mantenedora, em conjunto com todos os demais universos, formando uma consciência una - Deus!


- Entenda a proporção Áurea:



- Divina Proporção

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