Ponto de saturação
"Tudo o que o homem não conhece não existe para ele.
Por isso, o mundo tem para cada um o tamanho que
abrange o seu conhecimento".
- Carlos Bernardo González Pecotche.
Todo mundo já ouviu falar de lesão por esforço repetitivo, ou simplesmente LER, uma doença causada pela repetição de atividade contínua. A mais comum é a digitação intensiva, que causa um desgaste nas articulações. Outros profissionais podem sofrer o mesmo problema, alguns podem até passar anos convivendo com a doença, porque são lesões traumáticas cumulativas, que a qualquer momento podem atingir o ápice e muitas vezes levarem o profissional a uma aposentadoria precoce.
Não existe um período definido para tal acontecer, cada organismo tem uma capacidade individual de resistência ao estresse. Seu ponto de saturação.
O mesmo acontece com a dor emocional. Cada indivíduo tem uma capacidade individual de resistência à dor, seu ápice. A turma do cinema sabe bem disto. Roteiristas e diretores manipulam, como ninguém, as emoções do público criando o que chamam de Plot Point, ou ponto de virada, em que o rumo da história chega a um ponto tal, que algo precisa acontecer para não deixar o público frustrado ou entediado. Assim a quantidade de pancadas que o herói vai sofrer tem um ponto de saturação.
Fazendo um paralelo, parece que o Brasil vive hoje o seu ponto de saturação. Senão vejamos. Até há relativamente pouco tempo eram impensáveis movimentos como panelaços e manifestações de peso nas ruas, acontecerem em oposição a governos corruptos. Hoje sair às ruas em protesto é quase uma constante. Segundo o Datafolha, a corrupção no Brasil, desde 2013, vem sendo apontada em pesquisas como um dos maiores problemas do Brasil, ganhando de vilões clássicos, como saúde e educação.
Indo mais fundo na questão, podemos perceber que o colapso econômico acrescido de uma insatisfação latente culminou na tomada de consciência de toda uma população, seguida de ação efetiva. Certamente, daqui para a frente, a ação política de governança sofrerá mudanças significativas, começando pela presença e cobrança de uma população que cansou de ser pião e saco de pancadas de lideranças desqualificadas para o comando e a gestão. Assim, é inquestionável que o ponto de saturação pode levar a ações catastróficas, mas pode também resultar em lucratividade.
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